Massimo Introvigne, considerado um dos grandes especialistas em matéria de seitas e novas tendências religiosas da Itália, acaba de publicar um livro muito interessante chamado New Age & Nex Age (Nova Era & Próxima Era), pelas Edições Piemme. Nesse livro o autor explica a derrocada da primeira, a new age, como movimento organizado para o estudo e a defesa do assim chamado “novo paradigma” e a renovação da ordem mundial, e a ascensão da segunda, a next age, que pouco a pouco toma o espaço deixado pelo movimento anterior.
Jurista católico de 45 anos de idade, Introvigne fundou e dirige em Turim o Centro de Estudos sobre as Novas Religiões, Cesnur (www.cesnur.org). Desde sua criação, em 1988, essa entidade tornou-se rapidamente um ponto de referência mundial sobre as novas tendências religiosas. Sua biblioteca, em Turim, tem mais de dez mil títulos, e é uma das mais completas existentes.
Como o seu diretor, a maior parte dos diretores italianos do Cesnur é católica, o que, se não chega a distorcer a ótica dos seus estudos (o centro diz-se independente de toda confissão religiosa), às vezes confere a suas análises um fundo inevitável de pensamento católico. Apesar desse detalhe, vale a pena viajar nas esclarecedoras opiniões que Introvigne desenvolve em seu livro.
Quando aborda as raízes da crise do movimento new age, ele é bem claro. Diz que seus próprios líderes reconhecem que foi a comercialização excessiva da new age a causar-lhe a queda. Com efeito, já nos anos 80 as idéias e propostas da new age tinham sido devidamente devoradas e digeridas pela sociedade da produtividade e do consumo. De camisetas a cervejas, passando por balaios e cestas de vime “ecológico”, tudo virava produto new age. As revistas especializadas tornaram-se catálogos infestados de publicidade, muitas vezes claramente enganosa, sobre pessoas e empresas interessadas em faturar muita grana com produtos e serviços pretensamente apresentados como new age.
A seguir, a next age foi influenciada pelo new thought (novo pensamento), uma versão individualista do pensamento protestante liberal. Esse “novo pensamento” afirma que o indivíduo é capaz de vencer a tristeza, a pobreza e a doença ao desenvolver as capacidades e poderes do pensamento de modo a influenciar a realidade.
O terceiro elemento a ser integrado é o pensamento positivo, com seu arsenal de técnicas de controle mental e adjacências explicadas e desenvolvidas numa miríade de livros especializados. Finalmente, o quarto elemento é a programação neurolingüística, uma forma de psicoterapia matizada de elementos esotéricos.
Em muitos grupos da next age, sobretudo nos Estados Unidos, constata-se agora a influência de uma quinta força, a cientologia (muito combatida em países da Europa por ser considerada seita).
Em matéria de doutrina, a idéia central da next age é a possibilidade de aceder a um estado superior da consciência. Tal possibilidade deve ser cultivada a partir de um longo trabalho sobre si mesmo, trabalho que promete resultados tanto espirituais quanto materiais, inclusive o prolongamento da vida.
Introvigne apresenta como líderes da next age o médico e autor indiano Deepak Chopra, radicado nos Estados Unidos, e vários membros importantes da neurolingüística, entre eles Anthony Robbins.
Literatura específica da next age? Pois adivinhem quem está em primeiro lugar: O Alquimista, de Paulo Coelho, por insistir na realização da “lenda pessoal”. Introvigne cita também o best-seller Profecia dos Andes, de James Redfield, autor que se encontra na encruzilhada da passagem entre a new age e a next age, e O Caminho Menos Freqüentado, do norte-americano Morgan Scott Peck.
A observação mais importante do livro de Introvigne, no entanto, diz respeito a um fenômeno importantíssimo que começa a ser mais e mais observado: o fato de que um número cada vez maior de pessoas buscam estabelecer uma relação pessoal com o divino, sem passar pelas instituições religiosas. Ou seja, buscam uma experiência espiritual verdadeira, mas não necessariamente religiosa. Introvigne, com acerto, não classifica essas pessoas no contexto da next age. Para ele, as diferentes pesquisas de tendências efetuadas nos países desenvolvidos indicam que o interesse pelas religiões não pára de aumentar, enquanto a prática religiosa cai mais e mais. “Pela primeira vez na história”, diz Introvigne, “observa-se a presença maciça de uma nova categoria, a dos crentes não praticantes, que muitas vezes não são sequer membros de uma igreja. Menos de 3% da população ocidental pode ser classificada como adepta da next age. Os crentes não-praticantes, no entanto, representam hoje 50% dessa mesma população”. Dados para fazer com que as autoridades das diferentes igrejas, bem como os líderes da next age, ponham suas barbas de molho…
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